Guia rápido (e honesto) para escrever o e-mail perfeito

Guia rápido (e honesto) para escrever o e-mail perfeito
Caixa de correio antiga.

Já sentiu que só de abrir a caixa de entrada o seu cérebro pediu demissão? E-mails mal escritos são o equivalente profissional a reuniões que poderiam ter sido um meme no grupo da firma. Mas calma, escrever um bom e-mail não precisa ser um evento épico, e sim um exercício de empatia, clareza e, por que não, um pouco de leveza.

Se você já se perguntou “será que fui direta demais?” ou “essa assinatura tá formal ou só cafona?”, vem comigo. Aqui vai um guia prático, acessível e inclusivo para transformar sua comunicação por e-mail sem precisar virar especialista em etiqueta corporativa de 1900 e bolinha.

🧠 Antes de escrever: pense em quem vai ler

A primeira regra de ouro: escrever e-mail não é sobre você, é sobre quem vai ler.

  • A pessoa tem tempo ou vai abrir num intervalo entre uma reunião e outra?
  • Está num ambiente corporativo conservador ou mais descontraído?
  • Tem alguma necessidade de acessibilidade (exemplo: usa leitor de tela)?

Lembrar disso evita os clássicos e-mails com palavras difíceis, frases longas e nenhuma pausa. Clareza é gentileza. Inclusão começa na vírgula.

E-mail bom é aquele que respeita o tempo, o contexto e o cansaço de quem vai ler.

✍️ Assunto: o primeiro filtro de atenção

O campo “assunto” não é lugar de poesia enigmática não, tá? Ele é o título do seu texto e deve dizer, em poucas palavras, porque a pessoa deveria abrir aquele e-mail.

Exemplos práticos:

  • Ruim: “Importante”;
  • Melhor: “Atualização do projeto X: prazo e próximas etapas”.

Ah, e evite letras maiúsculas em tudo (passa a sensação de grito) ou emojis fora de contexto. A ideia é ser objetiva, não alarmista.

🧩 Estrutura: menos é mais

Pense no seu e-mail como um “tweet” com contexto extra. Vá direto ao ponto, organize as ideias em blocos curtos e use marcadores quando possível. Fica mais fácil de entender.

Estrutura básica que funciona:

  1. Saudação;
  2. Contexto (curto, hein!);
  3. Pedido ou informação principal;
  4. Encaminhamentos ou prazos;
  5. Agradecimento e despedida.

Se precisar, coloque subtítulos ou destaque palavras-chave em negrito. Ajuda muito quem lê com pressa ou com leitor de tela.

📣 Linguagem acessível e inclusiva

A gente ama um vocabulário rico, mas e-mail não é lugar de mostrar o quanto você leu Foucault. Prefira palavras simples, diretas e que todo mundo entende. E, claro, evite expressões que possam excluir alguém.

Exemplos de ajustes simples:

  • Troque “senhores” por “equipe” ou “pessoal”;
  • Evite “ficar em cima do muro” com e-mails que não dizem nada (e tem vários);
  • Use linguagem neutra quando possível, especialmente em comunicações coletivas.

E sim, isso vale para todo mundo, não só para quem trabalha com diversidade. Afinal, acessibilidade é sobre tornar o conteúdo compreensível para o maior número de pessoas, não sobre “incluir só quando pedem”.

Se for mandar um arquivo, nomeie direitinho. Nada de “documento_final_versão3_FINALZÃO”. Isso ajuda tanto na organização quanto na acessibilidade.

🔗 Ao inserir links, evite o clássico “clique aqui”. Prefira algo como:

  • Leia mais sobre o projeto no relatório completo.”

E se tiver imagem no corpo do e-mail, pense nas colegas que usam leitor de tela: adicione texto alternativo descritivo (e objetivo) explicando o que é e qual a função daquela imagem. Não sabe como? Um exemplo:

Alt text: “Gráfico de pizza mostrando a divisão do orçamento entre equipes. com 50% para o marketing e 50% para o RH.”

🤝 Fechamento que acolhe (ou pelo menos não assusta)

Nada de “sem mais para o momento, despeço-me com estima”. A não ser que você tenha viajado no tempo para um passado remoto. Um “Obrigada desde já e fico à disposição” resolve muito bem.

Outras sugestões possíveis:

  • Obrigada por acompanhar até aqui!
  • Se precisar de algo, estou por aqui :)
  • Bora seguir juntas nisso?

✉️ Exemplos prontos pra copiar e adaptar

1. E-mail de alinhamento rápido

Assunto: Atualização do projeto X – etapa atual

Oi, [nome]!

Passando só pra alinhar em que ponto estamos no projeto X. Abaixo, os tópicos principais:

  • Tarefa A: finalizada
  • Tarefa B: em andamento
  • Tarefa C: depende de aprovação até sexta

Qualquer dúvida, só chamar.

Obrigada por seguir firme com isso!

[Seu nome]

2. E-mail pra puxar um assunto delicado

Assunto: Conversa sobre ajustes na comunicação

Oi, [nome], tudo bem?

Queria propor uma conversa breve sobre como temos abordado os temas de diversidade nas últimas campanhas.

Tenho algumas percepções e sugestões que podem ajudar a tornar nossa comunicação mais inclusiva e representativa.

Pode ser amanhã, entre 14h e 15h?

Obrigada desde já!

[Seu nome]

🛑 O que evitar (de verdade)

  • E-mails sem contexto (“você viu aquele arquivo?” → qual, amiga?)
  • Ternura tóxica em excesso (“precisamos muito de você, nossa estrela maior do time…”)
  • Formalidade exagerada (“cumprimento-a cordialmente…”)
  • Respostas vagas ou passivo-agressivas (“ok” sem mais nada é só preguiça)

🎯 Em resumo: o e-mail perfeito é o que funciona

Não existe fórmula mágica, mas existe intenção. E a intenção de um bom e-mail é ser útil, respeitoso e fácil de entender. Se ele poupa tempo, evita ruídos e acolhe quem lê, parabéns, você venceu o sistema.

Lembre-se, você não está sozinha nessa. Cada e-mail é uma chance de melhorar a conversa e, de pouquinho em pouquinho, a gente transforma o jeito de se comunicar no trabalho.

Se o e-mail não é claro, inclusivo e direto, ele vira só mais um ping-pong corporativo.

E você, já recebeu (ou mandou) um e-mail que parecia saído de uma novela mexicana? Me conta nos comentários!


Se você ainda não me conhece, prazer, sou a Giulia 🩷

Uma mulher transgênero escritora, comunicóloga e, acima de tudo, uma contadora de histórias. Acredito que a comunicação e a moda têm superpoderes: o de incluir quem sempre ficou de fora.